Semana Santa tem música de banda e canto lírico em Vigia

0

A Semana Santa, independente da programação religiosa, vai ser celebrada em Vigia de Nazaré também como um acontecimento cultural.

Pelo segundo ano consecutivo, a celebração católica da Semana Santa em Vigia de Nazaré, não terá as duas procissões do “Encontro” e do “Senhor Morto”. E os eventos na “Mãe de Deus” – igreja sede da Paróquia – serão virtuais, isto é, sem a presença do público e transmitidos pela rádio e pela televisão.

Mas, a celebração da paixão e morte de Jesus Cristo  terão uma versão meramente cultural, produzida pela Secretaria de Cultura e Turismo do município. A fanpage da prefeitura local (https://www.facebook.com/PrefeituraVigia) vai exibir, na sexta-feira (2) e no sábado (3) duas lives intituladas “Música de Paixão e Glória”. A primeira será um concerto de Diego Costa, chamada de “Semana Santa em Canto”; a segunda exibirá três músicas fúnebres, executadas pelas bandas “31 de Agosto”, “União Vigiense” e “Maestro Vale”.

As marchas “Saudade de Caetano”, “Descansa em Paz” e “Adeus”, são peças tradicionalmente tocadas nas procissão do “Encontro”  e  do “Senhor Morto”, na  Sexta-feira da Paixão, que mais um ano não ocorrerão, por causa da pandemia.

VALOR CULTURAL

O objetivo da Prefeitura  é  manter vivo o repertório das bandas e valorizar músicos locais. E é uma iniciativa que responde ao compromisso do prefeito Job Xavier Palheta Júnior de valorizar a cultura local, notadamente os músicos que integram as bandas locais

O secretário  municipal de cultura, Nélio Palheta, diz que, “para além do sentido originalmente religioso do rito da Semana Santa,  em Vigia o evento tem um viés cultural que precisa ser apreciado, valorizado e preservado considerando-se  a forte presença da música de banda e do canto nos rituais”.

HERANÇA

As com posições fúnebres, chamadas de “marcha graves”  são de origem  portuguesa, hoje ainda comuns  ao repertório das bandas  que se espalham pelo interiro do Brasil. Em Vigia, a música  é herança dos jesuítas, que fundaram um colégio e construíram a igreja da Mãe de Deus, na primeira metade do século XVIII. Narra a historiografia da Companhia de Jesus, os inacianos lecionaram “noções de solfa” em Vigia. “Já no século XVIII a música era uma atividade cultural  organizada; a  Banda 31 de Agosto foi fundada a 26 de dezembro de 1876 e isso  é um acontecimento a ser festejado” – acrescenta o secretário.

O município de Vigia tem seis bandas musicais, atualmente. Além das três que participarão da live, funcionam ainda a ”Isidoro de Castro”, “25 de Dezembro” (Porto Salvo) e  “Raimundo Nobre (Jussarateua).

As marchas fúnebres foram compostas no âmbito das três mais tradicionais e são executada também no funeral de seus músicos. Alcides Paranhos, vigário falecido em dezembro de 1951, compôs “Saudade de Caetano”; Serafim Raiol, mestre da banda União, falecido em 1962, escreveu “Descansa em Paz”; “Adeus”, foi composta em 1998 pelo maestro  José Vale.

TRADIÇÃO PRESERVADA

O músico e professor vigiense, Cleyson Rodrigues Ataíde, autor de um estudo sobre o tema, diz que no Pará não se conhecem outras obras desse gênero musical além dessas composições vigiense ainda agora executadas pelas bandas locais. Ele recomenda que essa tradição precisa ser repassada às novas gerações. “O projeto da Secretaria de cultura responde a essa aspiração” – diz o secretário Nélio Palheta.

Para Diego Costa, barítono, professor da Universidade do Estado do Prá (Uepa),   formado em canto lírico pela Fundação Carlos Gomes, o repertório da Semana Santa é milenar. Por exemplo, o famoso canto  “Estava a Mãe Dolorosa”, entoado nos rituais da Paixão, é uma versão do canto gregoriano Stabat Mater. Esses cantos foram suplantados por composições mais populares  desde que o Concílio Vaticano II, no início da décadas de 1960 permitiu que os repertórios dos rituais fossem mais populares.

Até meados daquela década, as bandas de Vigia participavam das missas solenes e ladainhas,  tocando no coro da igreja da Mãe de Deus, e até mesmo em capelas do interior, o repertório da celebração. Hoje, reduzem suas apresentações às procissões.

“A falta da referência  estética da música mais antiga descaracteriza  esse rico patrimônio que, especialmente em Vigia, precisa ser preservado.”  – diz Diego, que Diego recebeu apoio da prefeitura de Vigia para fazer para realizar o concerto “Semana Santa em Canto”.

Banda União Vigiense

Banda Maestro Vale

Banda 21 de Agosto

Compartilhar:

Os comentários estão fechados.

Acessibilidade